quinta-feira, 3 de maio de 2012


A PALAVRA YÔGA

O termo Yôga é masculino, deve-se escrever com Y e com acento no ô. O acento pode variar, dependendo da convenção utilizada (circunflexo, macro etc.). Contudo, seja qual for o acento, a palavra sempre deve ser pronunciada com ô longo e fechado. O vocábulo Yôga significa união, no sentido de integração ou integridade.



O QUE É O YÔGA

Yôga é qualquer metodologia estritamente prática que conduza ao samádhi.
Esta é a definição mais abrangente e que serve para todas as modalidades.

Samádhi é o estado de hiperconsciência que só pode ser desenvolvido pelo Yôga. Está muito além da meditação. Para conquistar esse nível de mega lucidez, é necessário operar uma série de metamorfoses na estrutura biológica do praticante. Isso requer tempo e saúde. Então, o próprio Yôga, em suas etapas preliminares, providencia um acréscimo de saúde para que o indivíduo suporte o processo evolutivo que ocorrerá durante a jornada; e provê também o tempo necessário, ampliando a expectativa de vida, a fim de que o yôgin consiga, em vida, atingir sua meta.
Os efeitos sobre os órgãos internos, sistema nervoso e endócrino, flexibilidade, fortalecimento, aumento de vitalidade e administração do stress fazem-se sentir muito rapidamente. Mas para despertar a energia chamada kundaliní, desenvolver as paranormalidades e atingir o samádhi, precisa-se do investimento de muitos anos com dedicação intensiva.

Por isso, a maioria dos praticantes não se interessa pela meta da coisa em si (kundaliní e samádhi). Em vez disso, satisfaz-se com os fortes e rápidos efeitos sobre o organismo e a saúde.  

O Yôga ensina, por exemplo, como respirar melhor, como relaxar, como concentrar-se, como trabalhar músculos, articulações, nervos, glândulas endócrinas, órgãos internos, etc. através de técnicas corporais belíssimas, fortes, porém que respeitam o ritmo biológico do praticante.







O QUE É O SSTHYA YÔGA*
É o nome da sistematização do Yôga Antigo.



O QUE O SSTHYA YÔGA TEM DE TÃO ESPECIAL?

De todos os tipos de Yôga que existem, há um, em particular, que é especial por ser o mais completo. Produz efeitos rápidos e duradouros como nenhum outro. Trata-se do Yôga Antigo, hoje conhecido como SwáSthya Yôga, sistematização do Dakshinacharatántrika-Niríshwarasámkhya Yôga, do período pré-clássico. Para torná-lo inteligível foi preciso sistematizá-lo, como faria um arqueólogo com os fragmentos preciosos que fossem sendo encontrados.

Estudamos muitos tipos de Yôga e vamos à Índia quase todos os anos desde a década de 70 do século XX. Estamos convencidos de que o Yôga Antigo é realmente o melhor que existe. A maior prova disso é que o adotamos, e também o adotaram milhares de pessoas muito especiais em vários países. São intelectuais, cientistas, artistas plásticos, músicos e escritores de diversos continentes.

Para contar com esse público culto, sensível e exigente o Yôga Antigo, SwáSthya Yôga, deve ter algo muito especial. Mas o quê?


1. O Yôga Antigo contém os elementos que fundamentam todas as demais modalidades de Yôga. Não há nenhum outro tipo de Yôga tão completo. Numa prática de SwáSthya, o Yôga Antigo, você estará praticando Ásana Yôga, Rája Yôga, Bhakti Yôga, Karma Yôga, Jñána Yôga, Laya Yôga, Mantra Yôga e Tantra Yôga, bem como os elementos constituintes das subdivisões mais modernas, nascidas desses ramos, tais como o Hatha Yôga, Kundaliní Yôga, Kriyá Yôga, Dhyána Yôga, Mahá Yôga, Suddha Rája Yôga, Ashtánga Yôga, Yôga Integral e muitos outros.

Mas atenção: embora o Yôga Antigo (SwáSthya) contenha em si os elementos constitutivos de todos esses tipos de Yôga, ele não é formado pela combinação daqueles ramos, pois está baseado numa tradição bem mais ancestral, anterior a eles.

2. O Yôga Antigo tem raízes sámkhyas. Por ser um Yôga extremamente técnico, dinâmico e que não adopta misticismo, agrada mais às pessoas dinâmicas, realizadoras e de raciocínio lógico.

3. O Yôga Antigo é tântrico. Isso significa que é um Yôga matriarcal, sensorial e desrepressor. Desrepressor significa que não proíbe coisa alguma e ainda contribui para desreprimir. Orienta, mas não reprime. Sensorial significa que respeita e valoriza o corpo, sua beleza, sua saúde, seus sentidos e seu prazer. Logo, você tem liberdade total. Pode comer o que quiser, fazer o que quiser e, inclusive, não há proibição de sexo. Contudo, há aconselhamento com relação a tudo isso e você o segue se achar que deve. À medida que for aprimorando seus hábitos de vida e cultivando costumes mais saudáveis, vai recebendo do instrutor as técnicas mais avançadas.

Esse respeito pela liberdade do praticante tem sido uma das mais cativantes características do SwáSthya Yôga, pois vai ao encontro das aspirações das pessoas e responde positivamente às reivindicações dos adeptos de outros ramos restritivos, que estão insatisfeitos com a repressão imposta por eles.

4. Nossa forma de executar as técnicas é diferente das formas modernas de Yôga. Nos últimos séculos popularizou-se uma maneira pobre de realizar procedimentos corporais, estanques, separadas umas das outras e repetitivas como se fosse ginástica. O SwáSthya Yôga fundamenta-se nas linhas mais antigas e executa os ásanas sincronizados harmoniosamente, brotando uns dos outros mediante passagens extremamente bonitas e que permitem a existência de verdadeiras coreografias de técnicas corporais, as quais nenhum outro tipo de Yôga possui. Sempre que alguém assiste aos nossos DVD-vídeos, a exclamação é constante: “Ah! Então, Yôga é assim? Mas isso aí é lindíssimo!
As coreografias foram reintroduzidas pelo Método DeRose nos anos sessentas do século passado. Nas décadas seguintes, em várias partes do planeta, surgiram modalidades de execução que se inspiraram no Yôga Antigo (SwáSthya Yôga). A maioria reconhece essa inegável influência. Ainda que não o confessassem, bastaria comparar os métodos para perceber a clara influência que exercemos sobre suas interpretações originadas posteriormente.

Ocorreu, no entanto, que, não compreendendo nosso afã para resgatar um conceito de Yôga Antigo em toda a resplandecência da sua autenticidade milenar, os que se basearam no SwáSthya para elaborar outras modalidades, terminaram por dar origem a formas modernas que nada têm a ver com a nossa proposta. Viram, mas não entenderam.

5. Finalmente, o SwáSthya é o único Yôga no mundo que possui regras gerais, ou seja, é o único que oferece auto-suficiência ao praticante. Num outro tipo de Yôga o instrutor tem que ensinar ao executante técnica por técnica: como respirar, quanto tempo permanecer, quantas vezes repetir, onde localizar a consciência, etc. Se esse instrutor ensinar dez técnicas, seu aluno não saberá fazer uma décima-primeira. Já, se utilizasse as regras gerais, o praticante teria a vantagem de não ficar atrelado ao instrutor e nem dependente dele. Se precisasse seguir sozinho, poderia continuar se aprimorando, pois, tendo aprendido apenas dez técnicas com as regras gerais, poderia desenvolver outras cem ou mil e prosseguir evoluindo sempre. As regras gerais conferem autonomia e liberdade ao sádhaka. As regras gerais são outra contribuição da sistematização do Yôga Antigo (SwáSthya Yôga). Se você vir alguém usando regras gerais, pode ter certeza de que travou algum tipo de contacto com o nosso método, mesmo que o negue.





* SwáSthya, segundo o Monier-Williams Dictionary, o mais conceituado dicionário de sânscrito, significa, self-dependence, auto-suficiência (swa = seu próprio). Também embute os significados de saúde, sound state (que traduzimos como bem-estar, estado saudável), conforto, satisfação. Pronuncia-se “suástia”).




FAÇA YÕGA ANTES QUE VOCÊ PRECISE


Faça Yôga por prazer como faria Golge, Tênis, Aeróbica, Rugby Skate, Surf, Ginástica Olímpica. Consideramos um procedimento mais nobre ir ao Yôga sem finalidade de benefícios pessoais, mas sim impelido pelo mesmo motivo que induz o artista a pintar o seu quadro: uma manifestação espontânea do que está em seu íntimo e precisa ser expressado. Faça Yôga se você gostar, se tiver vocação, se ele já estiver fervilhando em suas veias. Não porque precise.

Não é justificável buscar o Yôga nem mesmo por motivação espiritualista, pois não deixa de ser uma forma de egotismo dissimulado, já que visa a uma vantagem espiritual.

Se o praticante busca exclusivamente as consequências secundárias, que são a terapia, a estética, o relaxamento, limitar-se-á às migalhas que caem da mesa – e o instrutor não conseguirá ensinar-lhe realmente Yôga, tal qual o professor de Ballet não conseguiria ensinar dança a um aluno que almejasse apenas perder peso.

Compreendendo o que foi colocado acima, então aceitamos explanar sobre os tão decantados benefícios.

O SwáSthya proporciona uma flexibilidade espantosa e um excelente fortalecimento muscular. Com suas técnicas biológicas beneficia a coluna vertebral, os sistemas nervoso, endócrino, respiratório e circulatório.

Os ásanas (técnicas orgânicas) regulam o peso por estimulação da tireóide, proporcionam melhor irrigação cerebral pelas posições invertidas, maior consciência corporal, coordenação motora e alongamento muscular, muito importantes nos desportos, dança, artes marciais etc.

Os kriyás (actividade de purificação das mucosas) promovem a higiene interna das mucosas do estômago, dos intestinos, do seio maxilar, dos brônquios, das conjuntivas, etc.

Os bandhas (contracções ou compressões de plexos e glândulas) prestam um massageamento aos plexos nervosos, glândulas endócrinas e órgãos internos.

Os pránáyámas (técnicas respiratórias) fornecem uma cota extra de energia vital, aumentam a capacidade pulmonar, controlam as emoções, permitem o contacto do consciente com o inconsciente e ajudam a conseguir o domínio da musculatura lisa.

Os mantras (vocalização de sons e ultra-sons), em primeira instância aplicam vibração vocálica para desobstruir meridianos energéticos; em segunda instância, permitem ajustar os impulsos de introversão/extroversão e dinamizar chakras; em terceira instância, ajudam a obter o aquietamente das ondas mentais para conquistar uma boa concentração e meditação.

O yôganidrá (técnica de descontracção) é o módulo de descontracção, que auxilia a todos os anteriores e, juntamente com as demais partes da prática, implode o stress. Na verdade, relaxamento é a parte menos relevante do Yôga, a menor e a menos importante. No conjunto, o Yôga não relaxa, energiza!

O samyama (concentração, meditação e outros estados mais profundos) proporciona e mega lucidez e o autoconhecimento.

Estes efeitos, e muitos outros, são simples consequências de técnicas. Ocorrem como resultado natural de estarmos exercitando uma filosofia de vida saudável. Se aprendemos a respirar melhor, relaxar melhor, dormir melhor, comer melhor, excretar melhor, fazer exercícios moderados, trabalhar melhor a coluna e manifestar uma sexualidade melhor os frutos só podem ser o incremento da saúde e a redução de estados enfermiços.
                                                                        


Texto extraído do Tratado de Yôga, do educador DeRose.

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