A PALAVRA YÔGA
O termo Yôga é masculino, deve-se
escrever com Y e com acento no ô. O acento pode variar, dependendo da convenção
utilizada (circunflexo, macro etc.). Contudo, seja qual for o acento, a palavra
sempre deve ser pronunciada com ô longo e fechado. O vocábulo Yôga significa união, no sentido de integração ou
integridade.
O QUE É O YÔGA
Yôga é qualquer metodologia estritamente prática que conduza ao
samádhi.
Esta é a definição mais abrangente e que serve para todas as
modalidades.
Samádhi
é o estado de hiperconsciência que só pode ser desenvolvido pelo Yôga. Está
muito além da meditação. Para conquistar esse nível de mega lucidez, é
necessário operar uma série de metamorfoses na estrutura biológica do
praticante. Isso requer tempo e saúde. Então, o próprio Yôga, em suas etapas
preliminares, providencia um acréscimo de saúde para que o indivíduo suporte o processo
evolutivo que ocorrerá durante a jornada; e provê também o tempo necessário,
ampliando a expectativa de vida, a fim de que o yôgin consiga, em vida, atingir
sua meta.
Os efeitos sobre os órgãos internos, sistema nervoso e endócrino,
flexibilidade, fortalecimento, aumento de vitalidade e administração do stress
fazem-se sentir muito rapidamente. Mas para despertar a energia chamada kundaliní,
desenvolver as paranormalidades e atingir o samádhi, precisa-se do investimento
de muitos anos com dedicação intensiva.
Por isso, a maioria dos praticantes não se interessa pela meta da
coisa em si (kundaliní e samádhi). Em vez disso, satisfaz-se com os fortes e
rápidos efeitos sobre o organismo e a saúde.
O Yôga ensina, por exemplo, como respirar melhor, como relaxar,
como concentrar-se, como trabalhar músculos, articulações, nervos, glândulas
endócrinas, órgãos internos, etc. através de técnicas corporais belíssimas,
fortes, porém que respeitam o ritmo biológico do praticante.
O QUE É O SWÁSTHYA YÔGA*
É o nome da sistematização do Yôga Antigo.
O QUE O SWÁSTHYA YÔGA TEM DE TÃO
ESPECIAL?
De todos os tipos de Yôga que existem, há um, em particular, que é
especial por ser o mais completo. Produz efeitos rápidos e duradouros como
nenhum outro. Trata-se do Yôga Antigo, hoje conhecido como SwáSthya Yôga,
sistematização do Dakshinacharatántrika-Niríshwarasámkhya Yôga, do período
pré-clássico. Para torná-lo inteligível foi preciso sistematizá-lo, como faria
um arqueólogo com os fragmentos preciosos que fossem sendo encontrados.
Estudamos muitos tipos de Yôga e vamos à Índia quase todos os anos
desde a década de 70 do século XX. Estamos convencidos de que o Yôga Antigo é
realmente o melhor que existe. A maior prova disso é que o adotamos, e também o
adotaram milhares de pessoas muito especiais em vários países. São
intelectuais, cientistas, artistas plásticos, músicos e escritores de diversos
continentes.
Para contar com esse público culto, sensível e exigente o Yôga
Antigo, SwáSthya Yôga, deve ter algo muito especial. Mas o quê?
1. O Yôga Antigo
contém os elementos que fundamentam todas as demais modalidades de Yôga. Não há nenhum outro tipo de Yôga tão completo. Numa prática de
SwáSthya, o Yôga Antigo, você estará praticando Ásana Yôga, Rája Yôga, Bhakti
Yôga, Karma Yôga, Jñána Yôga, Laya Yôga, Mantra Yôga e Tantra Yôga, bem como os
elementos constituintes das subdivisões mais modernas, nascidas desses ramos,
tais como o Hatha Yôga, Kundaliní Yôga, Kriyá Yôga, Dhyána Yôga, Mahá Yôga,
Suddha Rája Yôga, Ashtánga Yôga, Yôga Integral e muitos outros.
Mas atenção: embora o Yôga Antigo (SwáSthya) contenha em si os
elementos constitutivos de todos esses tipos de Yôga, ele não é formado pela
combinação daqueles ramos, pois está baseado numa tradição bem mais ancestral,
anterior a eles.
2. O Yôga Antigo tem
raízes sámkhyas. Por ser um Yôga
extremamente técnico, dinâmico e que não adopta misticismo, agrada mais às
pessoas dinâmicas, realizadoras e de raciocínio lógico.
3. O Yôga Antigo é
tântrico. Isso significa que é um
Yôga matriarcal, sensorial e desrepressor. Desrepressor
significa que não proíbe coisa alguma e ainda contribui para desreprimir.
Orienta, mas não reprime. Sensorial significa
que respeita e valoriza o corpo, sua beleza, sua saúde, seus sentidos e seu
prazer. Logo, você tem liberdade total. Pode comer o que quiser, fazer o que
quiser e, inclusive, não há proibição de sexo. Contudo, há aconselhamento com
relação a tudo isso e você o segue se achar que deve. À medida que for
aprimorando seus hábitos de vida e cultivando costumes mais saudáveis, vai
recebendo do instrutor as técnicas mais avançadas.
Esse respeito pela liberdade do praticante tem sido uma das mais
cativantes características do SwáSthya Yôga, pois vai ao encontro das
aspirações das pessoas e responde positivamente às reivindicações dos adeptos
de outros ramos restritivos, que estão insatisfeitos com a repressão imposta
por eles.
4. Nossa forma de
executar as técnicas é diferente das formas modernas de Yôga. Nos últimos séculos popularizou-se uma maneira pobre de realizar
procedimentos corporais, estanques, separadas umas das outras e repetitivas
como se fosse ginástica. O SwáSthya Yôga fundamenta-se nas linhas mais antigas
e executa os ásanas sincronizados harmoniosamente, brotando uns dos outros
mediante passagens extremamente bonitas e que permitem a existência de verdadeiras
coreografias de técnicas corporais, as quais nenhum outro tipo de Yôga possui.
Sempre que alguém assiste aos nossos DVD-vídeos, a exclamação é constante: “Ah! Então, Yôga é assim? Mas isso aí é lindíssimo!”
As coreografias foram reintroduzidas pelo Método DeRose nos anos
sessentas do século passado. Nas décadas seguintes, em várias partes do
planeta, surgiram modalidades de execução que se inspiraram no Yôga Antigo
(SwáSthya Yôga). A maioria reconhece essa inegável influência. Ainda que não o
confessassem, bastaria comparar os métodos para perceber a clara influência que
exercemos sobre suas interpretações originadas posteriormente.
Ocorreu, no entanto, que, não compreendendo nosso afã para
resgatar um conceito de Yôga Antigo em toda a resplandecência da sua
autenticidade milenar, os que se basearam no SwáSthya para elaborar outras
modalidades, terminaram por dar origem a formas modernas que nada têm a ver com
a nossa proposta. Viram, mas não entenderam.
5. Finalmente, o
SwáSthya é o único Yôga no mundo que possui regras gerais, ou seja, é o único que oferece auto-suficiência ao praticante.
Num outro tipo de Yôga o instrutor tem que ensinar ao executante técnica por
técnica: como respirar, quanto tempo permanecer, quantas vezes repetir, onde
localizar a consciência, etc. Se esse instrutor ensinar dez técnicas, seu aluno
não saberá fazer uma décima-primeira. Já, se utilizasse as regras gerais, o
praticante teria a vantagem de não ficar atrelado ao instrutor e nem dependente
dele. Se precisasse seguir sozinho, poderia continuar se aprimorando, pois,
tendo aprendido apenas dez técnicas com as regras gerais, poderia desenvolver
outras cem ou mil e prosseguir evoluindo sempre. As regras gerais conferem
autonomia e liberdade ao sádhaka. As regras gerais são outra contribuição da
sistematização do Yôga Antigo (SwáSthya Yôga). Se você vir alguém usando regras
gerais, pode ter certeza de que travou algum tipo de contacto com o nosso
método, mesmo que o negue.
* SwáSthya, segundo o Monier-Williams Dictionary, o mais
conceituado dicionário de sânscrito, significa, self-dependence, auto-suficiência
(swa = seu próprio). Também embute os significados de saúde, sound state (que
traduzimos como bem-estar, estado saudável), conforto, satisfação. Pronuncia-se
“suástia”).
FAÇA YÕGA ANTES QUE
VOCÊ PRECISE
Faça Yôga por prazer como faria Golge, Tênis, Aeróbica, Rugby
Skate, Surf, Ginástica Olímpica. Consideramos um procedimento mais nobre ir ao
Yôga sem finalidade de benefícios pessoais, mas sim impelido pelo mesmo motivo
que induz o artista a pintar o seu quadro: uma manifestação espontânea do que
está em seu íntimo e precisa ser expressado. Faça Yôga se você gostar, se tiver
vocação, se ele já estiver fervilhando em suas veias. Não porque precise.
Não é justificável buscar o Yôga nem mesmo por motivação
espiritualista, pois não deixa de ser uma forma de egotismo dissimulado, já que
visa a uma vantagem espiritual.
Se o praticante busca exclusivamente as consequências secundárias,
que são a terapia, a estética, o relaxamento, limitar-se-á às migalhas que caem
da mesa – e o instrutor não conseguirá ensinar-lhe realmente Yôga, tal qual o
professor de Ballet não conseguiria ensinar dança a um aluno que almejasse
apenas perder peso.
Compreendendo o que foi colocado acima, então aceitamos explanar
sobre os tão decantados benefícios.
O SwáSthya proporciona uma flexibilidade espantosa e um excelente
fortalecimento muscular. Com suas técnicas biológicas beneficia a coluna
vertebral, os sistemas nervoso, endócrino, respiratório e circulatório.
Os ásanas (técnicas
orgânicas) regulam o peso por estimulação da tireóide,
proporcionam melhor irrigação cerebral pelas posições invertidas, maior
consciência corporal, coordenação motora e alongamento muscular, muito
importantes nos desportos, dança, artes marciais etc.
Os kriyás (actividade de purificação das mucosas) promovem a
higiene interna das mucosas do estômago, dos intestinos, do seio maxilar, dos
brônquios, das conjuntivas, etc.
Os bandhas (contracções ou compressões de plexos e glândulas)
prestam um massageamento aos plexos nervosos, glândulas endócrinas e órgãos internos.
Os pránáyámas (técnicas respiratórias) fornecem uma cota extra de
energia vital, aumentam a capacidade pulmonar, controlam as emoções, permitem o
contacto do consciente com o inconsciente e ajudam a conseguir o domínio da
musculatura lisa.
Os mantras (vocalização de sons e ultra-sons), em primeira
instância aplicam vibração vocálica para desobstruir meridianos energéticos; em
segunda instância, permitem ajustar os impulsos de introversão/extroversão e
dinamizar chakras; em terceira instância, ajudam a obter o aquietamente das
ondas mentais para conquistar uma boa concentração e meditação.
O yôganidrá (técnica de descontracção) é o módulo de
descontracção, que auxilia a todos os anteriores e, juntamente com as demais
partes da prática, implode o stress.
Na verdade, relaxamento é a parte menos relevante do Yôga, a menor e a menos
importante. No conjunto, o Yôga não relaxa, energiza!
O samyama (concentração, meditação e outros estados mais
profundos) proporciona e mega lucidez e o autoconhecimento.
Estes efeitos, e muitos outros, são simples consequências de
técnicas. Ocorrem como resultado natural de estarmos exercitando uma filosofia
de vida saudável. Se aprendemos a respirar melhor, relaxar melhor, dormir
melhor, comer melhor, excretar melhor, fazer exercícios moderados, trabalhar
melhor a coluna e manifestar uma sexualidade melhor os frutos só podem ser o
incremento da saúde e a redução de estados enfermiços.
Texto extraído do Tratado de Yôga, do educador DeRose.